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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O Crime da Novela das Oito


Scritta
Sergio de Souza - 122 páginas

Comovente. A história verídica em que se baseia a crônica jornalística de Sérgio de Souza é conhecida pela maioria da população brasileira. O triste Caso Daniela Perez. O livro é um relato totalmente jornalístico que investiga a fundo todos os ângulos desse famoso crime nacional. O trabalho feito pelo autor é excelente e bem estudado.

Em 28 de Dezembro de 1992, Daniela Perez, na época atriz da novela das oito horas da Rede Globo, fora assassinada. Encontrada horas depois em um terreno baldio na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O caso teve repercussão nacional é foi marcado pela mídia brasileira. Nunca o país se comovera tanto em um caso policial.

Como já relatado acima o livro mostra todos os ângulos do Caso Daniela Perez de um modo imparcial e investigativo. Em cada capitulo é abordado um ponto de vista diferente. Em um podemos ter uma breve biografia da vitima, enquanto no outro um relato de como é produzido e montado um capitulo de novela. Assim, um ponto forte da obra é exatamente a variedade de informações dadas que conseguem complementar de uma maneira impressionante o caso.

Sérgio de Souza faz um ótimo trabalho, principalmente porque mostra ao leitor todo ambiente em que o crime se passou. Para muitos talvez não fosse necessário descrever uma produção de novela, mas, sem duvida, fica claro que o caso não seria o mesmo sem o fator “novela das oito” envolvido. A população se comoveu principalmente por ver a atriz ainda em seu papel na novela enquanto o caso de seu assassinato era resolvido. E ainda mais quando o assassino foi revelado: o ator que contracena com Daniela na novela e sua mulher!
Bom, no final do livro após o caso ser bem apurado temos um toque mais pessoal do autor, quando escreve no final da ultima pagina contando que em todo o processo desse caso a única imagem que passava por sua cabeça era da jovem sem vida no terreno baldio. Após o fim da exposição dos fatos e de todo andamento do crime, Sérgio de Souza abre um espaço onde encontrasse vários comentários sobre o caso. Temos o ponto de vista de diversos jornais, revistas e jornalistas conceituados.

Um livro forte sobre um caso forte que envolveu o país intensamente nos Anos 90. Uma crônica policial real, em que o leitor percebe todas as consequências e repercussões de um caso como o de Daniela Perez. Leia como uma pequena homenagem a ela, pois escrever o livro foi uma grande homenagem.

O Senhor do Mundo


Hemus
Jules Verne - 181 páginas

Júlio Verne é um dos meus escritores prediletos desde que eu tinha dez anos de idade e comecei a ler um livro adaptado de “20 Mil Léguas Submarinas”. Agora, já li suas três principais obras (“Volta ao Mundo em 80 Dias”, “Viagem ao Centro da Terra” e “20 Mil Léguas Submarinas”) no formato original e estou começando a encontrar outros livros não tão conhecidos de Verne. Este é o caso de “O Senhor do Mundo”.

Para aqueles que, assim como eu, apreciam o trabalho de Jules Verne, não preciso informar que é muito raro encontrar outros livros do autor, além dos três mais famosos citados a cima, nas livrarias. Talvez encontre um exemplar de “Da Terra à Lua” esquecido em uma estante e não muito mais do que isso. Realmente é triste a situação em que os livros de Verne se encontram no Brasil. Porém, um belo dia andando na mais bela livraria de todas deparo-me com “O Senhor do Mundo” fiquei intrigado e na mesma hora comprei o livro.

Pesquisando mais a fundo descobri que “O Senhor do Mundo” é uma continuação. Continuação de “Rubor, O Conquistador”, lançado anos antes do livro em questão, porém, acredito que não é nem um pouco prejudicial ao entendimento da obra que se leia na ordem inversa.

Bom, a história é bem típica de nosso ilustre autor. O pai da Ficção Cientifica adorava inventos avançados para tecnologia de sua época e escrevia como se estivesse desvendando o futuro. Nesta obra não é diferente, temos a magnífica invenção do Assombro, um carro, um barco, um submarino e um avião, unidos na mesma máquina.

O personagem principal é um inspetor de polícia americano chamado Strock. Um homem, cheio de curiosidade e com compulsão de descobrir grandes mistérios, que parte em busca do Assombro e de seu misterioso capitão que se autodenomina o Senhor do Mundo. Com certeza o livro é um prato cheio para aqueles que, assim como Strock, gostam de aventuras e mistérios.

Devo mostrar também que, infelizmente, o livro tem alguns pontos fracos. Primeiramente a edição. A editora não é muito conhecida e, provavelmente, não é uma editora de grande porte, sendo assim, a edição não é uma das melhores. Não está nem um pouco atualizada com a gramática atual – exemplo: “êle” ao invés de “ele” – e, além disso, alguns erros são bem perceptíveis.

Depois, devo relatar sobre as gravuras. Sim, o livro é recheado por algumas gravuras, cerca de duas a cada quarenta paginas. São belos desenhos em preto e branco que ajudam bastante na hora de idealizar o local em que se acontece a história. O problema é que, as gravuras estão sem nexo! A editora simplesmente espalhou pelo livro os desenhos de modo que o que representam só é mostrado muito para frente ou muito para trás no livro. O leitor não consegue encaixar a imagem que vê ao que esta lendo, outra grande decepção no livro.


Um ponto que pode ser negativo para alguns é que a história é muito descritiva e detalhista. Principalmente nas cenas em que certo objeto ou certo ambiente é descrito. Eu, particularmente, gosto dos detalhes, mas, confesso que nesse livro chegam a ser um pouco exagerados.

          Apesar desses pontos negativos, recomendo a leitura. Verne é um escritor excelente e deve ser lido. Não aconselho que comece a ler Jules por esse livro, mas, ainda sim, vale apena ler algum dia.

Os Fantáticos Livros Voadores de Modesto Máximo


Rocco
William Joyce - 56 páginas

Fantástico. Um livro único e comovente que apesar de ser voltado para as crianças todos deviam ler. Com uma mensagem muito bonita e bem trabalhada qualquer pessoa que ler esse livro com certeza vai parar para pensar. Pensar sobre todas as emoções e sentimentos que já teve em sua vida, pois o livro inteiro é uma bela reflexão a vida e as coisas que amamos.

Como diz a sinopse é uma história simples, simplesmente encantadora. O personagem principal é Modesto Máximo, um apaixonado por livros, assim como eu e você, que decidiu escrever um. Todo dia Modesto escreve uma pagina de seu livro e assim a história começa. Em certo ponto do livro nosso protagonista sofre uma grande e, literalmente, arrebatadora mudança de vida e com isso seu livro começa a ficar interessante.

Bom, além desse fabuloso personagem, que todos podem se identificar, o livro contém uma mágica a mais. As imagens! São tão bonitas e tão vivas que é muito fácil imaginar as cenas e lugares da história, é muito fácil entrar no mundo de Modesto. Em cada pagina o leitor percebe a união de palavra e figura como eu nunca havia visto antes. Por isso “Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo” ganha mais um ponto.

E como de costume, descobri a história por trás da história e me surpreendi. O autor mora em Nova Orleans, Louisiana, onde o furacão Katrina marcou sua dolorosa presença e a mudança na vida de Modesto citada acima é exatamente a chegada de um grande furacão. Além disso, Modesto foi inspirado em uma pessoa real: William Morris. Um grande amigo e editor do autor, William Joyce, já falecido.

Esta pequena maravilha de história acabou por virar filme. Um curta-metragem que ganhou o Oscar e mais quatorze outros prêmios. Um belíssimo conto para crianças e adultos, que mostra os grandes mistérios da vida de uma maneira única e especial. Recomendo sem sombra de duvida!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O Pássaro das Duas Metades


Moderna
Edson Gabriel Garcia - 47 páginas

A história do livro é bem interessante. O autor fez um bom trabalho ao montar os personagens e o ambiente. Tudo que é escrito se torna tão real que é muito fácil acreditar na história. No decorrer do livro encontram-se algumas gravuras, bem feitas, mas, não revelam muito dos personagens talvez, para que o leitor consiga imaginar mais.

O grande problema com o livro é que é muito curto. O livro inteiro se da na mesma quantidade de um capítulo para livros “normais”. A história é boa e criativa, mas, tudo é muito rápido e em nenhum momento temos a oportunidade de conhecer melhor um personagem ou um local e isso é muito irritante.

A construção que o autor faz no começo do livro proporciona uma vontade de conhecer mais afundo aquela história. A falta de informações no meio para o final do livro é tão grande que o leitor desconhece o nome de alguns personagens até o final.

Apesar de ponto fraco, temos no livro uma mensagem significativa para vida, uma mensagem sobre amor e destino. Na verdade, o principal foco do romance é o destino. A velha discussão entre pessoas que acreditam ou não nele é o motivo da história inteira acontecer.

A trama ocorre em, provavelmente, uma cidade do interior no período da 2ª Guerra Mundial. Quatro amigos fazem uma aposta e um deles, Cerqueira, acaba por conhecer uma moça nova na cidade, Ana, e assim vai. O romance entre os dois é bem conturbado e o final é diferente, porém, nem um pouco surpreendente. 

Assim, considero um livro razoável. É uma leitura boa para quem quer algo simples para se descontrair, com personagens que despertam interesse. Porém é decepcionante por ser um livro muito curto e com um final sem efeito surpresa.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O Senhor dos Ladrões


O Senhor dos Ladrões
Companhia das Letras
Cornelia Funke - 367 páginas

Simplesmente emocionante. No meu caso, esse foi aquele livro que chama a atenção de uma maneira como nenhum outro jamais chamou e a vontade de ler suas paginas é incontrolável. Mesmo assim, esse também foi o tipo de livro que depois de certo tempo lendo se torna um fardo. Porém, depois de ambos os lados cheguei há uma conclusão: Uma história magnífica com grandes personagens e um final comovente com um erro, seu tamanho. Houve uma extensão no meio da história que talvez não fosse tão necessária e possa causar certo tédio em alguns leitores desavisados. Vou tentar explicar melhor meu ponto de vista.

Muito tempo antes de conhecer Cornelia Funke ou seus livros, eu vi o filme baseado em “O Senhor dos Ladrões”. O filme me encantou de certa maneira que fiquei fascinado e pesquisando a fundo descobri sua origem e fiquei curioso. Anos depois consegui finalmente comprar o livro e comecei a ler. Li a maior parte do livro quando, percebi que simplesmente toda a magia que me prendera ao filme não me prendia ao livro e assim o abandonei. Neste ano que começa decidi ler todos os abandonados e rejeitados de minha estante e esse foi o primeiro da lista.

Faz dois dias que acabei de reler a incrível história do Senhor dos Ladrões e seus parentes; de Próspero e Bo; de Victor e suas tartarugas; de Vespa, Riccio e Mosca; do Conte e Contessa; de Ida e as freiras; de Esther e do Barba-Ruiva. Coloquei neste parágrafo praticamente todos os personagens que aparecem no livro, pois é incrível como Cornelia consegue trabalhar com cada um deles. Todos esses que citei e, talvez mais alguns, são tão marcantes e importantes para a história que é extremamente difícil dizer que Scipio, o Senhor dos Ladrões, é o personagem principal. Esse com certeza é um ponto alto do livro e é, ao mesmo tempo, minha única reclamação.

Fiquei maravilhado com esse trabalho de personagens que Funke fez em seu livro, mas, creio que esse seja o motivo para a história ter ficado extensa. Devo avisar para os que já leram que não isso não me abalou tanto assim e aos que vão ler que esse ponto negativo vem um pouco do leitor, pois, depois de reler (e dessa vez por completo) percebo que na primeira vez não estava preparado para o que o livro queria passar. Entenda, para que o leitor aproveite essa história é necessária uma quantia razoável de paciência e eu não tinha nem um pouco dessa quantia na época.

Apesar desse infortúnio, entendo o que Funke fez com o livro. Dessa maneira mais detalhada da vida dos personagens nos apegamos mais a eles e no final toda emoção que já existiria vem em dobro. Diferente do filme o final é realmente de arrancar lagrimas, pois, mesmo com um pequeno lado fantasioso Cornelia nos trouxe uma situação muito real, o romance se passa ao redor de crianças moradoras de rua e consegue nos cativar de uma maneira inovadora e passional, não como muitos outros livros que nos prendem pela sequência eletrizante de fatos. Outro ponto forte na história é a ambientação, todo o romance se passa em Veneza. A forma que a autora envolve a cidade é muito gostosa de ler e todos que lerem o livro vão acabar querendo conhecer a cidade.

Recomendo a todos “O Senhor dos Ladrões”, principalmente, aqueles que querem inovar com a leitura e se emocionar com histórias tão reias que qualquer um pode se identificar, pois, todos nós, quando éramos crianças, desejamos nos tornar adultos pelo menos uma vez e quando crescemos queremos voltar para os tempos de infância.